A Lua....
Esta noite a lua chora, as nuvens foram raptadas por um anjo que as ofereceu a alguém especial. O vento chora, sente a falta das companheiras de viagem, as nuvens. A lua continua a chorar, falta-lhe a sublimação, a integração cósmica, não é capaz de expulsar a matéria, por isso o espírito se encontra atormentado. A lua deseja ardentemente o transcendente, o antimaterialismo, deseja a permanência do crepúsculo, repugna o amanhecer e toda a sua cristaleza. Vagos contornos desta lua, que recorda noites remotas, palavras de lamento a ela confessadas....noites de solidão com elas partilhadas, uma constelação de vivências, as palpitações sentidas por quem tem a lua como confidente. As sensações rasgadas pelas cordas da harpa que embala a noite, que embala a lua, que embala o ser que comunica com a lua. A lua produz apenas leves suspiros, usa a máscara que lhe permite encobrir as mágoas, esquecendo-as quando o ser lhe confessa as suas...a lua é esta e todas as noites a confidente almejada. A lua que permite que gemidos, prantos, mágoas, pseudo-harmonias se esvaneçam ao som de uma harpa incoerentemente melancólica, nostálgica. O ser anseia pelo silêncio da lua, pelo som da harpa, e eis que é tudo o que ecoa no seu espírito atormentado. O mistério do silêncio da lua transcende o silêncio do apaziguante mar, das suas ondas cristalinas. O mar permite que as almas voem, a lua prende-as a ela, ao seu silêncio, sendo a prisão colossal e abandonada nesta noite.
Egomet
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