Egomet

June 11, 2005

Grito de libertação....

“Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas e montanhas cinzentas
(...)
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
não posso adiar o coração”

António Ramos Rosa in Viagem através Duma Nebulosa (1960)
Este excerto reflecte um pouco aquilo que sinto, aquilo que tenho vindo a sentir, exceptuando a parte do ódio...porque esse sentimento não existe em mim. Há sentimentos que não se devem adiar, que devem ter toda a liberdade de expressão a que têm direito. Se, um dia, uma das minhas batalhas foi aniquilar a liberdade de expressão desses sentimentos, hoje sem dúvida alguma desisti dessa batalha. Não vou adiar a minha vida, não vou "adiar o coração", mas mesmo assim tenho que ser sincera e assumir que não tem sido fácil desistir de uma batalha que tem sido travada durante anos. Um dia, alguém me disse (ainda que através de outras palavras) que eu estava a construir uma prisão pessoal, uma colossal prisão, que não me permitia "o meu grito de libertação", e eu nunca o quis assumir. Hoje, depois de tantos anos, sei que tinhas razão...só que já não to posso dizer. Bem sei que pode ser apenas uma fantasia, mas quero acreditar que estás aí em cima a tomar conta de nós, que muitas vezes és a voz da minha consciência, e que ficas feliz porque vês que estou feliz, e que estou a lutar pelo "meu grito de libertação".
Recentemente, uma outra pessoa abriu-me os olhos para o facto de eu não tentar viver sem as minhas máscaras, que verdadeiramente me escondem. Obrigada I., nem sabes o quanto me tens aberto os olhos, o espírito. Ainda não consigo viver sem as máscaras, mas aos poucos estou a tentar, e um dia vou conseguir gritar que me sinto livre.
Egomet

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